Sacerdotes budistas e hindus cantaram hinos sagrados e jogaram flores e grãos de arroz sobre a menina de três anos que foi eleita a nova deusa viva do Nepal, no passado dia 7 de Outubro.
Em roupas de seda e flores vermelhas no seu cabelo, a pequena Matani Shakya recebeu a aprovação dos padres e do presidente, uma tradição que já dura à séculos e que tem laços profundos com a monarquia Nepalesa, que foi abolida em maio.
A nova "kumari" (deusa viva) foi carregada desde a casa de seus pais até um antigo templo no centro da capital Katmandu, onde ela viverá até a puberdade – momento em que perderá seu status de divindade.
Até lá, ela será adorada por budistas e hindus como a encarnação da deusa Taleju.
Uma equipe de juízes conduziu uma série de cerimónias para escolher a deusa, entre crianças de dois e quatro anos. Foram lidos os horóscopos das crianças e as suas imperfeições físicas foram analisadas:A deusa viva tem que ter cabelo, olhos e dentes perfeitos, uma pele sem cicatrizes e não deve ter medo do escuro. Como último teste, ela deve passar uma noite sozinha num quarto, entre cabeças de búfalos e bodes sacrificados em rituais sagrados – sem demonstrar medo.
Isolamento
A escolhida viverá em isolamento quase completo no templo e só poderá voltar à sua família aquando da sua 1ª menstruação, e então uma nova deusa será eleita para substituí-la.
-“Sinto-me um pouco triste, mas estou orgulhoso por a minha filha se tornar uma deusa viva”, declarou o pai de Matani Shakya.
Críticos dizem que a tradição viola as leis internacionais e do Nepal dos direitos infantis. As crianças geralmente sentem dificuldade em readaptar-se à vida normal quando voltam para suas casas.
Além disso, o folclore do Nepal diz que homens que se casam com uma ex-kumari morrem cedo, o que faz com que muitas dessas meninas permaneçam solteiras e enfrentem uma vida de dificuldades.
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